segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Falando de Hibernação

Temos durante algum tempo, na sala 3 do JI de Marzovelos, o Baú Itinerante (projecto do Agrupamento de Escolas) cheio de histórias para ler e contar. Num destes dias foi explorada a história “A grande caça ao monstro” tendo como personagem principal um ratinho que dormia debaixo de uma cama e fazia Pshh, pshh! Pensando que se tratava de um monstro, os outros animais lançaram-se numa caçada. A conversa em torno desta aventura foi evoluindo, até falarmos das “casinhas” dos vários animais da floresta. É óbvio que a maior parte dos meninos revelava conceitos muito próprios acerca deste assunto, sendo o diálogo bastante participado. Assim, desde a cama fofa e quente do ratinho da história, passando pelo covil do lobo, o ninho do passarinho, o buraco da árvore do esquilo, o túnel da toupeira, até à grande toca ou gruta onde vive o urso pardo, a conversa foi-se enriquecendo.
E como uma conversa leva a outra, acabámos por discutir acerca do fenómeno da Hibernação, relacionada com o inverno, mas algo mais complexo do que o simples sono. Com a ajuda de imagens e fotos explorámos as características de certos animais, tentando identificar os que hibernam e os que não hibernam, com base nos conhecimentos prévios que as crianças tinham da matéria. Facilmente se cai na tentação de dizer a uma criança desta idade que a hibernação dos animais é como estar a dormir. Porém, esta ideia não é cientificamente correcta, sendo importante explicitar o conceito, recorrendo a linguagem acessível de forma que elas o compreendam.
Pode parecer complexo para nós, dizer às crianças que no estado de hibernação os batimentos cardíacos baixam assim como a temperatura do corpo, mantendo-se o animal num estado de latência. No entanto, do ponto de vista das crianças, o desafio ao nível da capacidade de raciocínio e da compreensão é enorme; elas são capazes de aprender muito mais do que se pensava até agora. Este aspecto é reforçado pelas pesquisas mais recentes que indicam, que mesmo as crianças mais pequenas são capazes de compreender o mundo numa perspectiva científica e aprender conceitos teóricos. No que se refere à educação em ciência no jardim-de-infância, alguns mitos foram ultrapassados como, por exemplo, pensar que as crianças não conseguem raciocinar sobre conceitos abstractos antes dos sete anos de idade.
Isto vem provando que, desde muito cedo, as crianças devem ser iniciadas na ciência, estimulando o seu interesse e curiosidade pelos fenómenos do meio envolvente e ouvindo a palavra ciência, para aprenderem se esta é ou não importante nas suas vidas.

A Educadora
Ana Bela Alves


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